segunda-feira, 9 de novembro de 2020

MEUS MEDOS

MEUS MEDOS 
 DONATO SARMENTO
 LENTAMENTE, RESPIRO FUNDO PENSO SEM INVEJA OU MALDADE NA PLENITUDE, 
VIDA E PAZ QUE SUPLIQUEI AO CORAÇÃO 
AGORA NO SILÊNCIO ACONCHEGO URGENTES PERGUNTAS SALTAM PERTURBANDO A CALMARIA DA PAZ QUE ME FOI DADA NO VALOR DO MEU SILÊNCIO 
LEIO OS RECADOS DADOS PELA VIVÊNCIA DO MUNDO QUE NÃO SE DEIXA AJUDAR 
INCERTO RECORRO AO SONHO SOBRE ASSUNTO QUE DESCONHEÇO ARRISCANDO VIVER TROPEÇANDO NOS FANTASMAS DE MEUS MEDOS

Homenagem à Ourém

⚠Acesso ao vídeo clicando 👉 AQUI

FINOS PERFUMES

UM SENTIMENTO PERFEITO
NÃO REQUER SOBERANIA
MAS SIM AMOR E RESPEITO
SENÃO ENTRA EM AGONIA

EM SUA SUAVE MORADIA
BUSCA ENAMORADO LEITO
QUE NÃO SE ENCONTRA EM MERCEARIA
MAS SIM NO PAR PERFEITO

PELO AMOR SOLENE CLAMAS
MESMO TENDO QUE LUTAR CONTRA  
POIS SEU CORAÇÃO PULSA EM CHAMAS

NA RELAÇÃO NÃO HÁ LUGAR PARA CIÚMES
APENAS O RUMO DO QUERIDO DESTINO
ENCHARCADO DE FINOS PERFUMES

DONATO SARMENTO/PAULINHO MOURA

sábado, 12 de setembro de 2009

Sangue dos Outros

A língua de cães dementes
Latindo em falsetes
Perseguem o cio das lobas
Promiscuamente
E na sarjeta explodem de prazer
Atrás de qualquer passante
Diletos fantasmas
Saídos de um céu de fogo
Da parafernalha
Do subterrâneo de um metrô
Mas se a taba é o refúgio da tribo
Aqui do apartamento mil tiros
E solidão
Os olhos de Brasília são quistos
Eu fumo pra chamar o sono
Mas o tédio enche os pulmões
Da veia dos infelizes
Escorrem projetos
Parece o mesmo sangue
Que escorre dos cedros
Num turbilhão de luas a sumir
Nossas gerações num vai e vem
De inundações
Sou apenas, cara, o teu revés

(Donato Sarmento/Rildo Medeiros)

Fuga

Sei que deixei pelo chão de concreto
Uma urbana dor a percorrer
Guetos cravados em berços de vícios
Frases surradas dos velhos comícios
Pelas esquinas vadias caminham pingentes
Atrás das loucas noviças
Da noite inocente
Pelo coração
Do meu interior
Eu destilo a dor
Sou um curumim
Alma flechada pelos belos seios
Dela Mãe DÁgua
Dos rios sem norteios
Não ouço o ronco das máquinas
A me consumir
Palmeiras ali plantadas
Como se fossem em mim

(Donato Sarmento/Rildo Medeiros)

Pato Magro

Mano Raimundo rema a canoa
Que eu vou na proa guiar
Apressa o braço a maré tá calma
Jóia de atravessar
No cais de arrimo
Atraco o bicho
Badala o sino pra avisar
Que a dona Santa 'dus romeirus'
Vai 'dá festeju nu arraiá'
E eram dois índios num formigueiro
Só vendo um tal de 'OUT-DOOR'
Com propaganda a VER. e a PREFEITO
E um bando de loja ao redor
Eu me perdi da dona Santa
Minha promessa se estragou
Meu pato magro no paneiro
Maniva que nem se plantou

(Donato Sarmento/Rildo Medeiros)

Boi Trigueiro

Meu assustado anu-preto
Não espanta o boi trigueiro
Dentro do pasto do Bola
O boi rebola e varre esterco
A relva onde tu 'mundio'
A moça que nunca serviu
É ponto de encontro do sol
Com o coração desse 'vastio'
O braço que crava a enxada
Nesse chão é pioneiro
No tempo do rei e do ouro
Ourém, se impôs, tempo é ligeiro
Minha canção lá se foi
Pelos caminhos do rio
Na curva o vento espalhou
Depois partiu, partiu, partiu...

(Donato Sarmento/Rildo Medeiros)